sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Dia das Bruxas

Ora aqui está uma maneira simpática de assinalar o Dia das Bruxas & Cia. Obrigada, Kláudinha.





Eu por acaso não costumo ligar muito ao Halloween, porque acho que é uma "americanização" da nossa cultura, é uma festa que não faz (ou não fazia...) parte da nossa tradição ou cultura. Mas, como nos últimos anos tem vindo a ganhar mais expressão, e com crianças em casa, já se sabe que estas datas acabam por não poder passar despercebidas.

Está lindo, o selinho. Então esse morcego/vampirinho com um ar tão simpático, é delicioso!

É pena que no meu blog as imagens não fiquem com moldura.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O Inverno já está a chegar?

Parece que sim...



Eu até gosto de chuva, juro que gosto, mas.... ó pá, logo de manhã, uma pessoa ter que ir levar o rebento à escola (já para não falar nas pessoas que têm 2 ou 3), mochila para um lado, sacola com o lanchinho para o outro, e mais os chapéus de chuva, e mais os casacões, e mais as poças de água, e os carros a passarem e a deitarem aqueles simpáticos salpicos, quando não são autênticas enxurradas... enfim, como agora se diz muito por aí, ninguém merece!!

Depois o problema maior é que as sargetas andam entupidas com as folhas secas, depois basta chover uma hora ou duas, para ficar tudo alagado. Hoje de manhã, no largo em frente à estação da CP de Alverca, parecia que já chovia há 3 dias sem parar, tal era a quantidade de água acumulada por todo o lado. Afinal o que é que as autarquias andam a fazer? A gastar dinheiro mal gasto, é o que é, e depois para os problemas principais, não há.

Já estamos nisto, e ainda falta um bom bocado para o Inverno chegar oficialmente...

E parece que nos próximos dias o mercúrio vai continuar a descer neste objecto:


Toca a pôr mais roupinha na cama, a tirar as mantinhas da arca e a ir buscar os casacos mais quentes que houver lá por casa. O Inverno está a chegar...
Resta-nos esperar pelo Verão de S. Martinho, também já não falta muito.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Margaridas tricolores com molho rosado




Pode parecer uma piada, mas não é: depois de ter feito este prato ontem, ou seja, em pleno Outono, e apesar de ter gostado do resultado, cheguei à conclusão que é um óptimo prato para a Primavera - é que tem um ar muito fresco!

Mas é muito bom, e sobretudo simples, factor que eu tenho sempre em conta.

A receita base está na TeleCulinária de Outubro, mas para variar fiz à minha maneira, que foi assim:

Cozi 200 gr de margaridas tricolores (até ontem desconhecia esta massa, mas achei-a muito bonita e original).





No pacote diz que o tempo de cozedura é 9m, mas eu não gosto muito da massa al dente, por isso deixei cozer mais uns minutinhos.


Enquanto a massa cozia, cortei em tirinhas 250 gr de fiambre.

Escorre-se a massa e passa-se por água fria. Deixei no escorredor enquanto preparei o molho:

Leva-se ao lume (brando) 3 dl de leite, uma colher de sopa de farinha e uma colher de sopa de margarina. Depois de bem misturado, acrescentei um pacote de natas levemente batidas (a receita pedia 1dl, mas antes que deixasse estragar a outra metade, usei tudo), 4 colheres de sopa de ketchup, um pouco de noz moscada e uma pitada de sal. Mistura-se bem (passei com a varinha mágica durante cerca de 1 minuto).

Coloca-se a massa no recipiente onde se pretende servir, coloca-se por cima as tirinhas de fiambre e rega-se tudo com o molho. Por cima pus coentros picados.

Fica muito bom, mas como já disse, "cheirou-me" a prato primaveril e não outonal.



Notas:
1. Se voltar a fazer antes do tempo quente, não vou passar a massa por água fria. Agora sabe-me melhor comida mais quentinha.
2. Embora não pareça na foto, o molho ficou mesmo rosado, ou, para ser mais precisa, uma cor entre o rosa e o salmão. MAS, na TeleCulinária, o molho, pomposamente chamado "rosé", também aparece branco, o que já é um consolo para mim... (ai ai que ainda me processam...)

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Contos de Fadas

Mundo de Fantasia



É tão querida, a minha amadinha.


E é tão bom viver nos contos de fadas... ou, neste caso, de sereias, princesas, palácios subaquáticos e companhia. Até os polvos e os peixes são coroados... será que a miúda vai ser monárquica??

Mas também não faltam uma mistura de peixe-agulha com peixe-serra e um mini tubarão, para contrabalançar.

Do lado esquerdo estão as rochas com algas e uma estrela do mar, e por cima (?!) o farol.

Ali ao meio é uma queda d'água, não sei muito bem é de onde é que ela sai... Ai que bom que é ter sete anos!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Formação de Adultos

Quem me conhece, ou quem leu o meu perfil, sabe que sou professora. Porém, nos últimos dez anos, só o fui em teoria. Sete desses anos foi por opção própria, mas nos últimos três foi por não obter colocação no ensino público.


Faculdade de Letras de Lisboa

A minha licenciatura é em Línguas e Literaturas Modernas (Português/Francês). Em 1996 terminei a profissionalização, através de um estágio de dois anos (um teórico e outro teórico-prático). A parte prática teve lugar na antiga Escola Secundária da Cidade Universitária, da qual guardo muito boas recordações.
Aqui está ela, ou melhor, o que ela era (entretanto foi extinta):



Em 1998 surgiu-me uma alternativa ao ensino que me seduziu bastante, e aproveitei a oportunidade: trabalhei durante quatro anos num jornal diário, na preparação da edição on-line. Entretanto, em 2002, esse jornal dispensou bastantes funcionários e colaboradores; infelizmente, eu estava incluída nesse número (grande parte do trabalho que eu fazia foi automatizada; é a velha história das máquinas a substituírem o trabalho do ser humano, nem sempre com os melhores resultados.....).

Bom, para resumir a história, desde então para cá tenho-me dedicado a diversos trabalhos, maioritariamente traduções. Actualmente, faço parte do grande número de pessoas que trabalha em regime dos já famosos recibos verdes, embora na prática não seja trabalhadora independente, mas, infelizmente, convém a muita gente que esta situação se mantenha...

Entretanto, desde há três anos a esta parte, tenho concorrido para o ensino público, sempre sem resultados!

Passado todo este tempo, surgiu-me finalmente uma oportunidade de dar utilidade ao meu estágio, pois desde o início deste mês estou a leccionar, desta vez numa escola profissional.

Trata-se de ensino para adultos (cursos EFA - Educação e Formação de Adultos), e curiosamente esta foi uma área que sempre me seduziu, e estou a gostar bastante. Confesso que estava um pouco receosa, devido à grande interrupção que tinha feito, mas estou bastante satisfeita. É curioso que não há comparação, em termos de motivação por parte dos alunos, entre os adultos e os adolescentes. Neste caso, a motivação é bastante grande, as pessoas querem mesmo aproveitar esta oportunidade de poderem obter a escolaridade que, pelas mais diversas razões, não puderam concluir no passado.

Está a ser muito, mas mesmo muito trabalhoso, por um lado devido às discrepâncias entre os formandos, e por outro devido à carga burocrática (muuuito papel, muitos conteúdos, muita planificação, etc., etc...), mas estou a gostar bastante. Começou por ser uma agradável surpresa, que espero que resulte num trabalho bastante compensador, tanto para mim quanto para todos eles.

domingo, 19 de outubro de 2008

Bolo de Amêndoa com Doce de Gila



Há duas semanas atrás, quando fiz o Bolo de Nozes, a simpática "justme" do blog All the World is my Home, falou-me de um bolo que fazia, com amêndoa e gila. Fiquei logo "de orelhas arrebitadas", como costumam ficar os gatos, de que ela também tanto gosta.

Muito gentilmente, a justme publicou a receita no seu blog, como podem ver aqui.

Ela chama-lhe Bolo Real, e com toda a razão: este bolo é mesmo digno de reis, sem dúvida!

Ontem decidi-me a fazê-lo, e posso dizer que é dos bolos mais deliciosos que já provei. Fica com um sabor divinal, e uma textura óptima, húmido e macio. Uma delícia!

Como sempre, fiz umas pequenas alterações, mas desta vez foram mesmo poucas. Já agora, quero esclarecer que não faço as alterações por achar que vou fazer melhor do que a receita de origem: o primeiro motivo é que, por vezes, não tenho todos os ingredientes, e o segundo, devo confessar, é mesmo uma mania minha, de alterar um ou outro detalhe.

Então, leva os seguintes

Ingredientes:

6 ovos

200 g açúcar (usei 150 g açúcar amarelo + 50 g açúcar branco)

250 g de amêndoa ralada (usei 150 g sem pele + 100 g com pele)

250 g doce de gila

1 colher (de café) de canela

raspa de 1 limão (não usei)


Faz-se assim:
Bate-se o açúcar com os ovos inteiros até ficarem espumosos. Em seguida, deita-se o doce de gila, o miolo de amêndoa, e a raspa de limão (não usei a raspa de limão, porque, incrivelmente, não tinha nenhum em casa, o que até é raro, já que gosto mto de limão). Acrescentei 2 colheres de sopa de farinha para dar mais consistência, porque a maior porção das minhas amêndoas era sem pele. No final, uma colher de canela.

Bate-se muito bem e vai ao forno (180º) cerca de 40/45 minutos, em forma muito bem untada. Este pormenor é mto importante, e o ideal até será usar papel vegetal, porque, devido à textura do bolo, tem tendência para agarrar um pouco no fundo.
Por esse mesmo motivo, deve deixar-se arrefecer muito bem antes de desenformar.

Fica pura e simplesmente delicioso. Quando repetir, só vou cortar um pouco no açúcar, já que o doce de gila também já tem bastante açúcar.




Decorei com doce de gila e açúcar em pó.






Nota: em relação ao açúcar, pode usar-se branco ou amarelo, dependendo do gosto da pessoa. Com açúcar amarelo fica mais molhadinho, mas também mais "frágil" ao desenformar.


quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Irmãos completos

Sempre achei horrível a expressão "meios-irmãos". Mas afinal qual é a metade que é irmã? O lado esquerdo? O lado direito? É absurdo!

A Carolina tem um irmão - o Nuno - que fez 18 anos no dia 10 deste mês. Parabéns, Nuno!

O Nuno não é meu filho, mas viveu comigo durante 7 anos, portanto... não é preciso dizer mais nada. E é completamente irmão da Carol, são irmãos de todos os lados! Ela adora-o, e sei que ele também gosta muuiito dela.

Foi indescritível a alegria dela quando o viu, a semana passada (já há umas semanas que não se viam): ia-lhe partindo o pescoço, tal foi a força com que se atirou para lhe dar um grande abraço.

É bonito de ver.

Espero que sejam sempre amigos, apesar da diferença de idades.

Aqui há uns aninhos ele ainda brincava bastante com ela, mas agora, obviamente, tem outros interesses... mas mesmo assim de vez em quando ainda brincam um bocadinho ao "diz que disse" (a outra vítima costuma ser a tia) , ou seja, ela diz o que a outra pessoa há-de dizer a seguir: "agora tu dizias isto ou aquilo, etc.., etc."



Estão lindos, não estão?

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Creme de Leite com Canela e... Bolo de Claras

Sábado, para variar, foi dia de fazer um docinho; ou melhor, neste caso foram dois, porque como o primeiro doce apenas levava as gemas, decidi aproveitar as claras num bolinho...

Mas vamos por partes.

Primeiro fiz Creme de Leite com Canela.

Faz-se assim: Leva-se ao lume 1/2 litro de leite com um pau de canela e uma pitadinha de sal, e deixa-se ferver, durante 5m, em lume brando. Retira-se o pau de canela.

Batem-se 5 gemas com 180 gr de açúcar, até obter um creme clarinho. Acrescenta-se uma colher (de café) de canela.

Entretanto, desfaz-se 1 colher (de sobremesa) de farinha num pouco do leite fervido [Foi aqui a hora do incidente da praxe. Quando coloquei a farinha no leite e comecei a mexer, aconteceu aquilo que eu por acaso até já suspeitava que ia acontecer: ficou tudo cheio de grumos! Solução: varinha mágica - por algum motivo ela tem este nome, não é? Num minuto resolveu-se o problema.] e de seguida adiciona-se o restante leite.

Vai-se vertendo o leite em fio sobre o preparado das gemas, mexendo sempre.

A receita original (Revista Receitas de Sucesso) dizia para usar formas individuais refractárias, mas como é coisa que ainda não existe no meu armário, usei um tabuleiro tipo pyrex, devidamente untado com margarina e polvilhado com açúcar em pó.

Vai a cozer durante 40m, a 170º. (Eu deixei cozer durante 35m, e depois liguei o grelhador eléctrico do forno, só para dar mais uma corzinha).

Deixar arrefecer. Deve servir-se bem fresco. Eu decorei com açúcar em pó e canela.







Entretanto, para não desperdiçar as claras, resolvi fazer um Bolo de Claras com Chocolate.


Faz-se assim:

Bate-se 120gr de manteiga com 230gr de açúcar.

Junta-se 80/100 gr. de chocolate ralado ou em pó (usei cerca de 80 gr de chocolate ralado) e mistura-se bem. Acrescenta-se 120 gr de farinha + 1 colher (de chá) de fermento e uma colher (de café) de canela. Depois de bem misturado, junta-se uma colher (de sopa) de sumo de limão.

Por fim acrescentam-se 6 claras batidas em castelo, envolvendo-as suavemente.

[ Não sei se a culpa é do forno, do fermento, ou da cozinheira, mas os meus bolos andam a ficar um bocadinho a dar para o minúsculo... tenho que tirar isto a limpo! Mas garanto que o sabor estava muito bom. Ah, e já agora, essa parte escura que na foto mais parecem buracos, são pedaços de chocolate: é que aqueles bocadinhos do fim da tablete são difíceis de ralar, e então foi em pedacinhos. Nhamm, nhamm.]


quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Desafio da Cenourita


Camélias para todas as amigas virtuais:




A amiga Cenourita brindou-me com um mimito, do qual faz parte fazer um acróstico com o nosso nome.

Para o fazer, baseei-me naquilo que estou a tentar ser (mais). Como achei o U uma letra difícil para arranjar uma palavra adequada, resolvi nesse caso pôr uma frase.


Então cá vai:


Confiante

Lutadora

Alegre

Um dia de cada vez

Dinâmica

Iluminada

Argumentativa


(O meu computador "não me deixou" colocar o "selinho" original deste desafio, de modo que decidi substituí-lo pelas belas camélias aí em cima, que ofereço a todas as visitas.)

domingo, 5 de outubro de 2008

Bolo de Nozes Bicolor


Os meus pais, que estiveram há pouco tempo no Alentejo, trouxeram, entre outras coisas, uma carrada de nozes. Então, ontem resolvi fazer um bolo com elas. Até aqui, tudo bem, mas mal eu sabia o que me esperava...

Juro que nunca como ontem me lembrei tanto da amiga Ameixinha, quando as aventuras culinárias dela dão para o torto, e lá vem o chorrilho de vocabulário impróprio para menores...

Mas já lá vamos...


Então lá comecei o bolinho, e fiz assim:

Ingredientes:

250 gr de açúcar amarelo

6 ovos

250 gr de nozes raladas

Pois, a receita só fala nestes ingredientes. Eu achei um pouco estranho não levar nenhuma farinha nem fermento, mas lá segui as instruções. Quer dizer, não segui à risca (como é hábito), porque acrescentei uma colher de café de fermento, e usei 8 claras em vez das seis (acho que foi aqui que comecei a meter a pata na poça, porque a massa estava de facto com uma consistência, como direi... talvez demasiado leve.)

Batem-se as gemas com o açúcar e adicionam-se as nozes, guardando algumas para a decoração.

Batem-se as claras em castelo e junta-se cuidadosamente à mistura anterior.

Ora bem, o bolo, depois de 30m no forno, estava muito bonito, só que, depois de o retirar, e passados nem 5 minutos, estava em menos de metade do tamanho!!

Ó pá, eu não sei porque é que isto me acontece! Eu já faço bolos praí há uns vinte e tal anos - estou mesmo velha!! - portanto, não é por falta de experiência! Arre, que fiquei mesmo MUITO chateada!

Bem, e então foi aqui que cheguei à fase dos RAIOS E CORISCOS! Foi um tal de pensar (e dizer algumas) coisas feias, que só visto (ou, neste caso, ouvido - mas felizmente ninguém ouviu, porque eu estava sozinha na cozinha, e a filhota estava tão entretida a ver desenhos animados que não ouviu os disparates, apesar de depois se ter apercebido que eu estava um bocado chateada, quando eu lhe fui mostrar o resultado do nosso trabalho. Sim, porque ela quer sempre ajudar, quanto mais não seja a comer a massa que fica na tijela... )

Fiquei mesmo fula, a olhar para aquela amostra de bolo! Que ainda por cima era para levar uma cobertura de chocolate. E eu pensei: o quê, vou ter trabalho a fazer uma cobertura para ISTO?

Foi então que me passou assim uma coisa pela vista, e decidi, nada mais nada menos, que fazer OUTRO BOLO, não sem antes ter chamado uns nomes ao primeiro, coitado.

Resolvi então fazer um bolo (mais ou menos) com os mesmos ingredientes, mas em menor quantidade. A ideia era ficar com dois "mini-bolos". Já que não tinha conseguido fazer um bolo grande para cortar ao meio e rechear, ia um por cima do outro, com o creme do chocolate entre eles, e como cobertura.

E assim foi.

Desta vez pus farinha (150gr), porque estava com a mania que o "desastre" anterior tinha sido por falta dela, e não bati as claras em castelo, pus os ovos inteiros. Além do mais, é muito mais prático, e eu já estava um bocado passada.

Bom, posto isto, lá pus o plano em prática: coloquei o bolo anão (entretanto já tinha encolhido mais um bocadinho) num prato, cobri com o creme de chocolate (200 gr de chocolate derretido em banho-maria, misturado com um pacote de natas batidas - muito bom!), coloquei o segundo bolo por cima, e toca a cobrir com o delicioso creminho. De seguida polvilhei com nozes raladas.

Ficou mais ou menos assim (ao vivo estava mais bonitinho):





Aqui está a vista do interior:



Pode ver-se a diferença entre os dois bolos. O mais escuro é o primeiro que, apesar de quase ter desaparecido do mapa, ficou com um sabor óptimo - melhor do que o outro, mais molhadinho (claro, sem farinha...). Como disse a minha filha, «aquele que tu ficaste furiosa é que ficou mais delicioso!» A construção da frase deixa um bocadinho a desejar, mas dá para perceber a ideia...


Entretanto, o jantar foi arroz de feijão com bacalhau frito. Muito bom. E não estava tremido!



E à sobremesa, o famoso bolo, que depois de toda aquela saga, até que ficou bastante comestível!!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Colombo, a América e a Batata

CONSOLO





«Deus convocou o Anjo Consolador e mandou-o conversar com Cristóvão Colombo, que estava em profunda depressão desde as comemorações dos 500 anos do descobrimento da América (...). Segundo os revisionistas, em vez da conquista de novas almas para o cristianismo, o que houve em 1492 foi o começo de um genocídio, e em vez de disseminarem a cultura e a técnica entre os selvagens, os invasores os enganaram, escravizaram e pilharam.
E os revisionistas têm razão, diz Colombo, desconsolado, para o Anjo, quando este lhe pergunta qual é o problema.

- Foi tudo por minha causa!

- Espera um pouquinho - diz o Anjo.

- Quem precisava da América? O mundo estaria muito melhor sem a América.

- Não é bem assim.

- Claro que é. Seria muito melhor se em vez de um Novo Mundo, houvesse mesmo um abismo. E a Terra acabasse ali pelos Açores.

- Se você não tivesse descoberto a América, outro o faria. Aliás, dizem que os «Vikings»...

- Mas fui eu que descobri, entende? Eu. A culpa é minha.

- Pensa em todas as coisas boas que a América deu ao mundo.

- Cita algumas. (...)

- O cinema.

- Invenção francesa.

- A popularização do cinema, a indústria cinematográfica, Hollywood, os mitos, os artistas. Meu Deus, a Jacqueline Bisset!

- Ela é inglesa.

- Eu sei. Mas e a...

- Não adianta, Anjo. Você não conseguirá me convencer. Eu nunca deveria ter descoberto a América. (...)

- Pense nisto: quando chegou na América, você descobriu o fumo. Se não fosse você não existiria o cigarro!

- Obrigado. Agora vou ter milhões de mortos por câncer no pulmão na minha consciência também. (...)

- Espera. O chocolate! Você descobriu o chocolate.

- Isso. Me arrasa. Pisa em cima. Se não fosse eu, não existiriam o colesterol alto, a obesidade, a criança lambuzada e, provavelmente, a Suíça. Muito obrigado.

- A Coca Cola.

- Claro. O que seria da humanidade sem a Coca Cola.

- A batata!

- Hein!

- Se a América não tivesse sido descoberta, o resto do mundo não conheceria a batata.

- Hummm.

- É isso, Comandante! Está aí a sua justificativa histórica. Você descobriu a batata.

- Sabe que você pode ter razão?

- Claro que eu tenho razão! Se a América não tivesse sido descoberta, o resto do Ocidente não conheceria o puré.

- As batatas «noisettes»...

- Batatas rosti. E, meu Deus... A batata frita!

- É mesmo!

- Pense num mundo sem batata frita. A batata frita justifica uma existência.

- Puxa. Já estou me sentindo outro. Acabou a minha depressão. Mal posso esperar as comemorações dos 600 anos. Mereço todas as homenagens. Abaixo os revisionistas.

- Abaixo!

- Você restaurou o meu amor próprio. Obrigado!

- O que é isso...

- Você é um anjo.

- Só estou fazendo meu trabalho. »


Este texto, da autoria do escritor brasileiro Luís Fernando Veríssimo, faz parte de uma crónica publicada no jornal Público em 1993, pouco depois das comemorações dos 500 anos da descoberta da América.


É um prodígio de imaginação, um humor fabuloso e grande sentido de oportunidade. Genial.