sexta-feira, 26 de agosto de 2011

De janela em janela...

Da janela que me inspirou até à minha janela  vai uma distância muito grande, posso até dizer enorme... 

Mas a internet em geral e particularmente os blogues têm destas coisas: aproximam as pessoas e encurtam distâncias. 


A simpática Ivani, do blog Samambaia, mostrou (ver aqui) o que vê da sua janela. Gostei muito de ver através dos olhos dela as belas árvores e tudo o mais ao redor da sua casa, de tal modo que me apeteceu também  mostrar o que vejo da minha janela.

Então, o que eu destaco da vista da minha janela é o Rio Tejo, que corre suavemente lá ao fundo, em direcção à capital, rumo ao Oceano Atlântico. Em dias de céu limpo consegue ver-se muito bem, e é sem dúvida uma visão agradável e repousante.


Olhando para o lado esquerdo, vejo os enormes plátanos que quase me entram pela janela...


Para além das árvores, vejo muitos prédios, e uma nesga do rio lá ao fundo.



Infelizmente alguns desses prédios já cresceram tanto que já não deixam ver o rio como se via há duas ou três décadas atrás.


Mais para a direita, tenho por  vizinho um enorme pinheiro, que tem levantado muita polémica entre os moradores, uma vez que já quis entrar pelas casas, em dias de grande vendaval... já o quiseram arrancar, mas afinal foi apenas aparado, e lá continua forte e firme. Tanto o pinheiro como os plátanos são a casa de muitas dezenas de passaritos que por aqui andam sempre a esvoaçar, atazanando a vida aos meus gatos...




   
Mais uma vez, o rio.



Para o lado direito, um hipermercado, e lá bem ao fundo, consegue ver-se a outra margem.


E pronto, está mostrado. Gosto muito da vista da minha janela, adoro ver o rio, adoro o cheiro da terra molhada quando chove, adoro ouvir os pássaros (excepto se for às 6 da matina) e as cigarras, nos dias mais quentes.

Ivani, obrigada pela ideia. 

Será que mais alguém quer contar ou mostrar o que vê da sua janela? Fica aqui o convite para a partilha. :)

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Alentejo - animais felizes :)



Sinto-me feliz por viver num país onde os animais podem, frequentemente, ser vistos assim:













 E não assim:



Nos últimos dois dias, foi-me possível ver isto:










Em vez disto:


E as cabritas, apesar da escassez de erva (estamos em Agosto, um dos meses mais quentes do ano em Portugal), sempre vão encontrando alguma coisa para comer, até porque não se ensaiam nada para trepar às árvores e roer...





Baixo Alentejo, algures no distrito de Beja, Portugal

Agosto 2011



domingo, 21 de agosto de 2011

Escolhas

Hoje foi um dia de emoções fortes, revelações e decisões importantes. Comecei por ver um programa de televisão que foi para mim imensamente inspirador, e que tinha a ver com dar graças, saber agradecer. Fez-me chorar, mas revolveu-me, impulsionou-me a tomar decisões importantes. 

Curiosamente, do mesmo país de onde me chegou essa inspiração, têm-me chegado informações revoltantes, mas que também têm tido o condão de me fazer reflectir imenso sobre as nossas escolhas (neste caso, alimentares).

Nos últimos dias, tenho estado a ler (compulsivamente) este livro:

Quem me falou dele foi a Rute, que o tinha emprestado à Lina, que mo enviou pelo correio. Mais uma partilha salutar.

A leitura deste livro tem sido para mim um autêntico despertar. Apesar de me considerar uma pessoa atenta e informada, ao ler este livro, senti-me a mais profunda ignorante, pois desconhecia grande parte das práticas bárbaras de criação e abate dos animais que nós comemos. Um verdadeiro horror!
O livro relata as práticas correntes nos EUA, não sei até que ponto a situação na Europa será diferente. Espero que o seja, até porque os autores referem diversas vezes ao longo do livro o facto de a União Europeia ter regras mais rígidas acerca da criação e abate de animais para consumo humano. Só espero que essas regras sejam cumpridas por aqui.



Voltarei a falar deste livro, aliás penso que falarei até bastante dele e das situações que ele narra, quando terminar a leitura.

Mas, hoje, embora nem sempre concorde,  fui obrigada a dar razão ao ditado "uma imagem vale por mil palavras". Para mim as palavras costumam até contar mais, e se já estava impressionada e horrorizada com as práticas descritas no livro, posso dizer que assistir a este filme, onde se podem ver na prática muitas das situações narradas, é sem sombra de dúvidas das coisas mais horríveis, chocantes e revoltantes a que já assisti na vida. Que gente é esta? Quem são os donos destas "quintas industriais"? O que é que esta gente fez da criação de gado de há umas décadas atrás? Que país é este? Por que leis se regem estas "pessoas"? As perguntas não têm fim, nem resposta...
As imagens que este filme mostra são altamente chocantes e perturbadoras, para qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade. E isto não é a excepção, mas a regra. Da primeira vez que comecei a ver o filme, nem sequer fui capaz de o ver até ao fim, acho que nem metade. Tive que parar, não queria acreditar no que estava a ver. Nunca vi tamanha crueldade, barbaridade, sei lá que palavras hei-de empregar!
Hoje fico-me por aqui. Se tiver coragem, veja o filme. Se puder, faça alguma coisa. E sim, cada um de nós pode fazer alguma coisa.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

BCFV - Melhor Idade


Autumn Leaves por David Wagner



Se os que me viram já cheia de graça
Olharem bem de frente em mim,
Talvez, cheios de dor, digam assim:
“Já ela é velha! Como o tempo passa! ...”

Não sei rir e cantar por mais que faça!
Ó minhas mãos talhadas em marfim,
Deixem esse fio de oiro que esvoaça!
Deixem correr a vida até o fim!

Tenho vinte e três anos! Sou velhinha!
Tenho cabelos brancos e sou crente ...
Já murmuro orações ... falo sozinha ...

E o bando cor-de-rosa dos carinhos
Que tu me fazes, olho-os indulgente,
Como se fosse um bando de netinhos ...

Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"


Cá estamos para mais uma etapa desta blogagem coletiva, eis-nos chegados à melhor idade.


No texto sobre a maturidade, deixei ficar a ideia de que se pode ter 18 anos e ser maduro, assim como se pode ter 60 e ser imaturo. Tudo depende de uma série de factores, nada é estanque no conceito de maturidade, como em outros.
Chegados agora à melhor idade, expressão que de certa maneira  pode quase ser considerada um eufemismo para velhice, pode suceder o mesmo. Há pessoas na casa dos vinte ou dos trinta que são tão velhas, e no entanto há outras, com setenta ou oitenta, que transbordam jovialidade. Tudo depende da personalidade, dos genes, das circunstâncias da vida, da maneira como se encara a vida, do otimismo ou da falta dele, etc.
A autora do poema acima morreu com 36 anos, não chegou portanto a sentir no seu corpo a passagem dos anos que lhe permitisse chegar à velhice. No entanto, sentia-se velha, e sentia que os outros a viam como uma velha. Aqui trata-se de um caso extremo, de uma pessoa imensamente amargurada, mas quantos de nós, em certas alturas da vida, não nos sentimos já velhos, apesar de supostamente ainda não termos idade para isso? Pelos menos eu já me senti algumas vezes, tanto física como mentalmente. É claro que tento combater esses sentimentos, mas por vezes o cansaço, físico ou mental, é tão grande, que me faz sentir uma autêntica velhinha. 
Mas voltando à melhor idadeÉ claro que a chamada terceira idade pode ser a melhor. Pelo acumular de conhecimentos, de experiências, de vivências. Pelas viagens feitas, pelas pessoas que connosco conviveram e convivem, pelos aniversários vividos, pelos Natais, por ver mais uma Primavera e mais um Outono, folhas que caem e folhas que voltam a nascer, ano após ano, tudo isso dá uma grande bagagem que se pode usar da melhor forma quando se chega à idade de ouro. 
É muito bom quando as pessoas conseguem chegar a essa idade com saúde e na plena posse das suas faculdades intelectuais. É muito bom que as famílias respeitem e acarinhem os mais velhos, até porque eles são uma fonte de saber e de experiências que é importante partilhar com os mais novos. Infelizmente nem sempre é assim. Quantas e quantas pessoas dedicam as suas vidas a cuidar dos outros, e quando ficam debilitadas e perdem capacidades, são atiradas para os lares da terceira idade? Que muitas vezes não são mais que meros depósitos de corpos inválidos que ali estão à espera da partida? Isso é muito triste. Com certeza que existem locais onde as pessoas idosas são muito bem tratadas, mas normalmente isso implica o pagamento de uma mensalidade  que só uma muito pequena parte da população tem capacidade para suportar. 
Numa sociedade ideal, os idosos deveriam permanecer no seio das suas famílias. No entanto, há casos em que as pessoas pura e simplesmente não têm disponibilidade de tempo para cuidarem dos seus idosos a tempo inteiro, mas também acontece, muitas vezes, que as pessoas não estão para isso, não querem ter esse fardo. Esquecem-se tão rapidamente que foram cuidados pelos seus pais na sua infância, que eram totalmente dependentes deles, que fizeram muitos chichis e cocós nas fraldas, e que alguém lhes limpou muitas vezes os rabinhos. Acontece é que a nossa sociedade vê um rabinho de bebé com uma coisinha muito linda (quantas vezes não ouvimos dizer "que pele tão suave, parece o rabinho de um bebé), mas quando passam os anos, ele torna-se numa coisa considerada feia e repugnante. Enquanto esta mentalidade não mudar, e os idosos não forem vistos e tratados com o respeito que merecem, vamos continuar a ver muitos deles naqueles lugares degradantes, muitas vezes em situações totalmente impróprias para um ser humano. 
Bom, mas para não terminar numa onda de baixo astral, sempre vou dizendo que há certas coisas que podemos (e devemos) ir fazendo ao longo da vida para tentar assegurar uma velhice o mais saudável possível.  Começando pelos cuidados com a alimentação, passando por manter sempre actividades que mantenham a mente ocupada, assim como actividades físicas, caminhadas ao ar livre, à beira-mar, no campo ou em parques onde o ar seja puro, tudo isto podem ser contributos para se chegar com  qualidade de vida à melhor idade.