"«Na próxima curva vire à direita», disse ela. Isto deu-lhe uma desculpa para observar o perfil de Robert Kincaid. A pele macia e queimada brilhava com a transpiração. Os seus lábios eram bonitos; por alguma razão Francesca notara-o imediatamente. E o nariz era como o dos Índios que tinha visto numas férias que passara com a família no Oeste, quando os filhos eram pequenos.
Robert não era pequeno, no sentido convencional. Nem era feio. Eram palavras que não se lhe aplicavam. Mas havia algo nele. Algo muito antigo, algo ligeiramente gasto pelos anos, não na sua aparência, mas nos seus olhos.
No punho esquerdo tinha um relógio de aspecto complicado, com uma correia de couro castanho manchada pelo suor. No direito tinha uma pulseira de prata com arabescos. "Estava a precisar de uma boa limpeza com polidor de pratas", pensou Francesca, e depois recriminou-se por ter caído na trivialidade da vida de aldeia, contra a qual se revoltava em silêncio desde há muitos anos.
Robert Kincaid retirou um maço de Camel do bolso da camisa e ofereceu-lhe um. Ela aceitou e, pela segunda vez em cinco minutos, surpreendeu-se a si mesma. "Que estou eu a fazer?", pensou.
(...)
Francesca Johnson, mulher de fazendeiro, confortavelmente sentada no assento poeirento da carrinha, a fumar um cigarro, apontou: «É ali, depois daquela curva.»
A velha ponte encarnada, descascada, ligeiramente inclinada pelos anos, atravessava um riacho.
Nessa altura Robert Kincaid sorriu. Olhou rapidamente para ela e disse: «Óptimo. Uma fotografia do pôr-do-sol.»
(...)
(...)
Não havia barulho. Um melro de asas encarnadas pousado no arame de uma cerca olhou para ela. Uma cotovia gritou da pastagem, junto à estrada. Nada mais se movia sob o brilho ofuscante do sol de Agosto."
São excertos de um dos livros que mais adorei até hoje: As Pontes de Madison County, de Robert James Waller. Também amei o filme, com a maravilhosa Meryl Streep e com Clint Eastwood, que também não lhe fica atrás...
Muitas vezes, depois de ter lido um livro que depois é adaptado ao cinema, fico desiludida com o filme, que na maior parte das vezes fica muito aquém da qualidade do livro. Mas, neste caso, adorei também o filme, muito por força dos excelentes actores, mas também pela bela fotografia, aliás elemento essencial nas duas obras.
A não perder, quer um, quer outro.
7 comentários:
Olá Cláudia. Eu não li o livro... vi só o filme e também gosto muito desta historia :) Quanto à tua procura de emprego... desejo-te a maior sorte ;)
Abraço
O livro é muito bonito, mas para mim, o filme consegue superá-lo, muito por causa do génio de Clint Eastwood, que para além de actor é também realizador. É um dos filmes da minha vida. A imagem que escolheste é linda.
Obrigada, Ameixinha. E já agora recomendo-te também a leitura do livro, acho que vais gostar. BJS
Maninha, é daqueles (poucos)casos em que é difícil escolher. Eu normalmente prefiro os livros, mas neste caso, de facto, o filme é simplesmente maravilhoso! Só há mais um caso em que tb adorei o filme adaptado de um livro, que foi "O Carteiro de Pablo Neruda". BJS
"o carteiro de Pablo Neruda" é dos melhores filmes que se podem ver. acho que deixam qualuqer coisa estranha na nossa vida que nunca saberemos o que é :) ternura, talvez. "As pontes de Madison County" também é um filme bonito mas faz chorar muito. eheh
Sophie, para mim "O Carteiro de Pablo Neruda" tb é um dos melhores filmes de todos os tempos. Lindo e, como tu dizes, transmite mesmo ternura. Encantador! Qto às "Pontes", realmente faz chorar, mas confesso que quase todos os filmes que me marcaram me fizeram chorar...
BJS
Cláudia, não li o livro, mas adorei as passagem, já o filme, assisti várias vezes e está entre os meus favoritos (o citei até no meu perfil). Este filme me fez sair chorando do cinema e nunca me esqueci desta linda história de amor.
Cláudia, eu tb já vi este filme várias vezes, e nunca me canso. E choro sempre... É tão emocionante, como apenas uma semana marcou a vida daquela mulher para sempre! Maravilhoso.
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