segunda-feira, 17 de maio de 2010

Beleza e tranquilidade

Às vezes pergunto-me como é possível viver tantos anos numa cidade e não conhecer alguns tesouros do seu património. Foi o que me aconteceu em relação ao Museu do Traje, que visitei pela primeira vez no passado Domingo. O Museu impressionou-me pela sua imensa riqueza, quer das colecções expostas quer da própria arquitectura e decoração do interior do edifício, que é magnífica. Mas o que me impressionou e encantou ainda mais foram os maravilhosos jardins, conhecidos como Parque Botânico do Monteiro-Mor.


Mas vamos por partes.
No Museu podemos conhecer alguns exemplares do vestuário característico de certas épocas da História.

Aqui uns belíssimos exemplares do séc. XIX, adoro-os, tão lindos e delicados.

(Dentro do Museu não se podem tirar fotos, estas são do site.)

Podemos ainda apreciar trajes da Belle Époque, Traje Império, Romântico, dos anos 20 e 30, etc.

Existe também uma colecção dedicada ao traje característico de alguns países de expressão portuguesa.

Traje tradicional de Angola

Uma colecção muito engraçada é uma de pequenos bonecos e bonecas envergando trajes tradicionais portugueses, das várias regiões do país. Um aparte: Curiosamente, há um boneco que está "a dormir" (de cabecita caída para a frente), e é o representante do Alentejo... (atenção, isto não é nenhuma piada de mau gosto, até porque eu sou descendente de um alentejano!)

Outro pormenor de que gostei particularmente foi, ao sair de uma das enormes salas, entrar por um corredor e ir dar... à capela da casa. É uma sensação engraçada, dá-nos um pouco a ideia do que seria viver ali. E estou feliz por viver num sistema que permite ao comum dos cidadãos usufruir de toda esta beleza, privilégio que de outro modo e em outros tempos estaria reservado a poucos, neste caso particular, a um importante funcionário da corte - o Monteiro-Mor.

Mas, apesar de ter gostado bastante do Museu, o que me encheu realmente os olhos e a alma foram os magníficos jardins!
Árvores lindas, algumas enormes, incrivelmente altas, toda uma vegetação variadíssima, plantas e flores de múltiplas espécies, lagos, uma cascata, recantos e mais recantos encantadores, enfim, um sítio muito, muito aprazível, que enche a alma a qualquer um que ame a Natureza. A minha "reportagem" fotográfica não faz jus a toda a beleza do lugar, até porque a visita não foi tão demorada quanto aquele sítio merece, e ainda por cima a máquina ficou com a bateria descarregada. Estou ansiosa por lá voltar, porque nem sequer consegui ver algumas partes do Parque, como a horta, o pomar e outros.

e ainda...

Adenda: tinha preparado um filmezinho com 20 fotos, mas não o consegui colocar aqui. Sendo assim, acrescentei estas últimas fotos, que têm algumas curiosidades. Na do canto superior direito, apesar de não se ver muito bem, a Carolina está dentro do tronco de uma árvore!

A do canto inferior esquerdo devia ter som: é que por dentro daquelas pedras corre água, e o som dela a bater nas pedras é magnífico!

Aquele banco de jardim não é no parque, é do outro lado da rua, junto à Igreja do Lumiar. Achei curioso o facto de estar mais que provado que há muito tempo que ninguém se senta lá!

No canto inferior direito, pode ver-se aquele enorme tronco que caiu de uma árvore gigantesca! Espero que não fosse ninguém a passar nesse momento...

***

Este vasto e rico complexo permaneceu até aos nossos dias na posse da família Palmela, que vendeu, ao Estado Português, em Fevereiro de 1976, o palácio, as casas, o jardim e a quinta. Aqui se planeou instalar o Museu Nacional do Traje que viria a ser criado em Dezembro do mesmo ano.

À venda já há alguns anos, a quinta, e em especial os jardins, careciam de um trabalho de profunda recuperação, para que se reconvertesse num parque aberto ao público, a que se veio a chamar Parque do Monteiro-Mor.

Os primeiros trabalhos foram de limpeza, de toda a área do jardim, de ervas, silvas e outras trepadeiras que se emaranhavam em redor dos troncos de árvores e arbustos. Foram aparecendo os contornos de canteiros, lagos, bancos, caleiras e outras construções e gradualmente foram delimitados os caminhos no seu traçado primitivo, dando continuidade à divisão oitocentista dos canteiros no jardim, através da utilização de pedra natural que existia em quantidade na área da quinta.

Com o valioso apoio dos viveiros da Câmara Municipal de Lisboa efectuou-se depois a plantação de centenas de herbáceas e arbustos, nos espaços já delineados. Algumas áreas de relvado foram semeadas, nos locais mais ensolarados.

O jardim formal em frente ao Palácio do Monteiro-Mor foi criado no século XVIII como jardim barroco (“à francesa”), com canteiros de formas geométricas e simétricas com buxo e roseiras e um lago. A plantação de pequenos bosquetes com sobreiros, pinheiros, plátanos, choupos, castanheiros da Índia, cedros, medronheiros, Spiraeas, Escallonias, Piracantas e outras espécies permitiu a cobertura vegetal daqueles terrenos, com o mínimo de custos. Simultaneamente, as terras foram regularizadas, a erva foi crescendo e iniciou-se o seu corte regular para permitir a sua fruição como prado de sequeiro (verde no Outono/Inverno/Primavera e seco no Verão).

Toda esta informação a verde foi retirada do site do Museu.

Tudo isto e muito mais são motivos mais do que suficientes para uma visita. Imperdível, digo eu com toda a convicção.

4 comentários:

ameixa seca disse...

Este país é riquíssimo a nível paisagístico :) Lindo, lindo!

Anónimo disse...

E dizes tu muito bem!
Senti vontade de me projectar para lá...
E que belas fotos com uma descrição belíssima e pormenorizada! :)
Aqui o descanso é rei...

Noémia disse...

Olha linda, é desses jardins que eu trago vontade, de passear por sítios calmos e aprazíveis!
Não conheço esse museu mas dá-me ideia de que também ficaria encantada com o exterior e me abraçaria às árvores como a tua filhota.:)

Isabel disse...

Foi realmente uma surpresa muito boa descobrir este jardim maravilhoso escondido no meio da cidade. LINDO!