domingo, 25 de abril de 2010

Conquista



















Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!


Conquista, Miguel Torga, in Cântico do Homem


25 de Abril de 1974. Reconquista da liberdade e da democracia em Portugal.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Dia da Terra




Mundo à nossa medida.
Redondo como os olhos,
E como eles, também,
A receber de fora
A luz e a sombra, consoante a hora.

Mundo apenas pretexto
Doutros mundos.
Base de onde levanta
A inquietação,
Cansada da uniforme rotação
Do dia-a-dia.
Mundo que a fantasia
Desfigura,
A vê-lo cada vez de mais altura.

Mundo do mesmo barro
De que somos feitos.
Carne da nossa carne
Apodrecida.
Mundo que o tempo gasta e arrefece,
Mas o único jardim que se conhece
Onde floresce a vida.


Cântico, Miguel Torga, in Orfeu Rebelde

quarta-feira, 21 de abril de 2010



E, apesar de tudo, sou ainda o Homem!
Um bípede com fala e sentimentos.
Ao cabo de misérias e tormentos,
Continua
A ser a minha imagem que flutua
Na podridão dos charcos luarentos.

Sou eu ainda a grande maravilha
Que se mostra no mundo.
O negro abismo que tem lá no fundo
Um regato a correr:
Uma risca de céu e de frescura
Que murmura
A ver se alguma boca a quer beber.






Quanto o grave silêncio da paisagem
Me renega e protesta,
Pouco importa na festa
Deste encontro feliz;
Obra de Arcanjo ou de Satanás,
Eu é que fui capaz
De fazer o que fiz!

Podia ser melhor o meu destino:
Ter o sol mais aberto em cada mão...
Mas, Adão,
Dei o que a argila deu.
E, corpo e alma da degradação,
O milagre é que o Homem não morreu!

Não! Não me queiram na cova que não tenho,
Porque eu vivo, e respiro, e acredito!
Sou eu que canto ainda e que palpito
No meu canto!
Sou eu que na pureza do meu grito
Me levanto!



Inventário, Miguel Torga, in Cântico do Homem

terça-feira, 13 de abril de 2010

Quando se começa a mexer no baú...

Isto de ir vasculhar os baús é o que dá... descobrem-se autênticos tesouros!

Alguns já estão um bocado danificados, outros amarelecidos, outros com dobras ou marcas de tanto que já mudaram de álbum... mas o que importa é que estão cá, para nos fazer viajar no tempo e nas emoções.
Gostei tanto desta viagem ao passado que não resisti a compartilhar. :)


Fila superior:
(da esquerda para a direita)
1. eu com 3 anos, pelo que reza no verso da foto;
2. eu e a minha amiga Fatinha, grande amiga de infância (adoro os modelitos...);
3. eu com a minha irmã ao colo, no baptizado dela;
4. a minha mana, tão fofiiiinhaaaaa...;
Fila inferior:
1. tou me achando...
2. no Alentejo, com o meu pai e dois primos, o Zé e a Prazeres;
3. eu com a minha mãe, em local que não reconheço (vou ter que lhe perguntar);
4. na varanda com a boneca.

Adoro fotos antigas, adoro remexer no baú. Faz-me sentir bem! E fiquei com saudades da Fatinha, não a vejo há muitos anos...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Vá, processa-me! :)


Fui ao fundo do baú e desencantei estas fotos centenárias...

... não serão centenárias, mas são seguramente dos longínquos anos 70... fotos em que eu e a minha amiga Ana, que hoje completa 44 anos (não se vê bem? pronto, é mesmo 44!)... ...tínhamos 8, 9 e 11 anos.
E o nosso professor da escola primária! E as batinhas brancas... (agora são aos quadradinhos coloridos, nós ainda somos, literalmente, do tempo do preto e branco...) Meu Deus, isto foi mesmo há séculos?

Pois bem, no dia 12 de Abril de 1966 nasceu essa miúda espigadota que se vê aí em cima. Conhecemo-nos logo uns aninhos depois, já que as nossas famílias moravam na mesma rua. E, como diz o outro, já fomos muito felizes nessa rua da freguesia dos Anjos, em Lisboa.
Agora moramos em ruas um bocadinho distantes, mas nada que não se resolva de vez em quando, com uns quantos telefonemas pelo meio: estou no sítio tal, e agora? viro à esquerda ou à direita? :)))))
É o que dá ir viver para o campo... não é, Ana Maria?

Have a nice day! :)


(Daqui a pouco vou-lhe telefonar, mas agora vou ter que dar tempo para ela ver estas fotos e telefonar ao advogado... vemo-nos no tribunal... hehehe)

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Parabéns, Afonso!


Este menino é praticamente meu sobrinho. É que a mãe dele é praticamente minha irmã... :)

Já nos conhecemos há, nada mais nada menos do que... 38 anos!!!! Ah pois é....... não sei como é que isto é possível, este número está-me a parecer estranho, mas é a pura realidade! Não é, mana Ana?

O Afonso não tem tido contacto muito frequente comigo, mas o seu mano mais velho, o André, costumava chamar-me tia. Tão querido. Beijinhos, sobrinho André.


E a mãe destes meninos é tão minha amiga, mas tão amiguinha mesmo, que neste dia me tentou com todas estas delícias que se podem ver aqui, e mais algumas que não ficaram registadas. E claro que eu não resisti à tentação...


Perante isto, como é que uma pessoa há-de manter a linha?? Impossível!

Obrigada, amigos. Foi bué fixe!

Entretanto acabei de me lembrar que o papá do Afonso também fez anos há uns dias... ups, esqueci-me... mais uma vez... psssiu, não digam a ninguém...

Parabéns, Luís ;)