Pegando na postagem anterior, gostava de esclarecer um ponto: eu não tenho absolutamente nada contra as pessoas que têm muitos filhos. Pelo contrário, acho bonitas as famílias grandes, mas acho ainda mais bonito quando a mulher pode decidir quantos filhos quer ter.
No caso concreto que referi antes, o das rainhas, neste caso as portuguesas, elas não tinham escolha: era a sua obrigação terem filhos, muitos filhos, e de preferência filhos homens. Era essa praticamente a sua única missão na vida, deixar herdeiros que assegurassem a sucessão.
Pronto, era só isso que queria deixar claro. :)
Agora vou deixar aqui alguns exemplos de rainhas portuguesas (a esmagadora maioria rainhas por casamento) que de uma forma ou de outra se "sacrificaram" pelo Reino.
Primeira Dinastia - Dinastia de BORGONHA (iniciada em 1143)
Rainha D. Mafalda (segundo alguns historiadores, Matilde) teve 7 filhos de D. Afonso Henriques, o 1º Rei de Portugal.
Morreu com 31 anos (e ele com 76, tendo ainda mais 4 filhos ilegítimos*).
Rainha D. Dulce |
Rainha D. Mécia, mulher de D. Sancho II, não teve filhos. Quando casou com o rei já era viúva. Esse facto, agravado por não ter tido filhos, fez com que não tivesse apoios nem da nobreza, nem do clero, nem do povo. O papa quis anular o casamento, alegadamente por parentesco em 4º grau, mas o mais provável é que fosse por pressões que havia de vários lados, por ela não ter tido descendência. O casamento acabou mesmo por ser anulado, sendo que D. Afonso III, irmão de D. Sancho II, foi o rei seguinte.
Rainha D. Beatriz casou com D. Afonso III. Teve apenas 3 filhos, mas em compensação o seu marido teve nada menos que 8 filhos ilegítimos com Matilde, Condessa de Bolonha.
Rainha (Santa) Isabel foi a mulher do rei D. Dinis. O casal teve apenas 2 filhos, mas, seguindo o exemplo do seu pai, D. Dinis teve 6 filhos fora do casamento, com uma tal D. Grácia. A Rainha Santa é que não deve ter achado "grácia" nenhuma.
Rainha D. Beatriz de Castela casou com o rei D. Afonso IV. Tiveram 7 filhos. D. Beatriz viveu até aos 65 anos, o que era invulgar na época, principalmente para uma mulher. No caso desta rainha, talvez o seu maior sacrifício tenha sido aturar o feitio irascível e sanguinário do marido.
Rainha D. Constança casou com o Rei D. Pedro I. Tiveram 3 filhos, embora só tenha sobrevivido o primeiro, D. Fernando. D. Pedro teve ainda 3 filhos (ou 4, existem várias versões) com D. Inês de Castro e ainda mais um filho ilegítimo, D. João, que viria a ser o fundador da Dinastia de Avis (D. João I, Mestre de Avis). Parece que Constança morreu com trinta e poucos anos, não se sabe ao certo a sua data de nascimento.
Segunda Dinastia - Dinastia de AVIS (início em 1385)
Rainha D. Filipa de Lencastre, mulher do rei D. João I. D. Filipa viveu até aos 55 anos e teve 8 filhos. D. João I ainda teve mais 2 filhos ilegítimos.
A Rainha D. Leonor, casada com o rei D. Duarte, teve 8 filhos e parece que morreu antes dos 35 anos. A D. Duarte só se conhece 1 filho ilegítimo.
A Rainha D. Isabel de Lencastre, casada com o rei D. Afonso V, morreu com 23 anos, deixando 3 filhos. Apesar de D. Afonso V lhe ter sobrevivido ainda 25 anos, não se lhe conhecem filhos ilegítimos. De vez em quando lá havia um que se portava bem. :)
D. Catarina da Áustria, rainha de Portugal |
Aqui a História de Portugal começa uma fase que viria a revelar-se desastrosa. O filho mais velho de D. Catarina e D. João III, também chamado João, morreu com 17 anos. Apesar disso, e uma vez que tinha casado aos 15 anos (!), já deixou um herdeiro,
D. Sebastião.
D. Sebastião veio a falecer na famosa batalha de Alcácer Quibir, com apenas 24 anos, e sem ter deixado descendência.
Esta situação veio trazer graves problemas à independência de Portugal, mas isso fica para outra ocasião...
Já na Terceira Dinastia - Dinastia FILIPINA (Portugal governado pelos Reis de Castela)
D. Margarida da Áustria, casada com o Rei D. Filipe II (Filipe III de Espanha), teve 8 filhos. Morreu aos 27 anos, alegadamente no parto do 8º filho.
Rainha D. Maria II de Portugal |
A Rainha D. Maria II, a segunda rainha portuguesa a subir ao trono, viveu apenas 34 anos, mas mesmo assim conseguiu ser Rainha e ter 11 filhos. É obra! Casou com D. Augusto de Leuchtenberg, que só foi rei durante dois meses, pois faleceu a 28 de Março de 1835, estando casado com D. Maria desde 26 de Janeiro.
D. Maria II ficou portanto viúva aos 16 anos, vindo a casar no ano seguinte com D. Fernando de Saxe-Coburgo.
* ilegítimos, segundo os conceitos da época, que assim consideravam qualquer filho nascido fora do casamento.
(Quanto ao túmulo de D. Pedro I, continua em lista de espera.)
3 comentários:
Olá Claudia, desculpe estar aqui a escrever e ja passado tanto tempo mas hoje tive uma triste noticia, que o meu gatinho tem PIF, e enquanto pesquisava na net sobre a doença encontrei a sua publicação.. Recorreu a algum tratamento? o que devo fazer para o ajudar? por favor ajude.me que nao sei o que fazer..
aqui fica o meu email: sandra_coelho_10@hotmai.com
Sandra, já enviei e-mail.
Cláudia,
Uma parte dessa história já conhecia, mas o que gostei mesmo foi de suas considerações...rs!
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