Apesar de actualmente a televisão nos brindar - ou por vezes, martirizar - com dezenas de canais, no meu caso, acabo por ver apenas sempre os mesmos quatro ou cinco, e esses para mim seriam mais do que suficientes.
O que vejo mais é o Travel Channel, é esse que me faz sonhar, rir, viajar sem gastar dinheiro e sem sair do sofá... este último pormenor tem algumas vantagens (por exemplo para quem tem uma ânsia enorme de conhecer o mundo e um proporcional pavor de andar de avião) mas também muitas desvantagens... claro que não há qualquer comparação entre viajar de facto e ver esses programas de viagens, mas o que é certo é que já aprendi imenso e já fiquei a conhecer imensos lugares, tradições, gastronomia, e tudo o mais que se possa imaginar.
Outro dos canais que vejo de vez em quando é a Sic Mulher, e um dos programas de que mais gosto é o Oprah Winfrey Show. E foi nesse programa que vi duas histórias que me comoveram bastante.
Uma delas foi a história de Khadijah, uma menina afro-americana que teve uma infância muito, mas mesmo muito pobre, tendo vivido com a mãe e a irmã em abrigos e até em estações de autocarro, porque nem sequer tinham uma casa onde viver. O que é certo é que a mãe de Khadijah, apesar das enormes dificuldades por que sempre passaram, sempre incutiu na filha a ideia de que aquela situação podia ser alterada, que não era nenhuma maldição a que estariam condenadas para sempre... apesar de tudo, ele tinha grandes expectativas para a filha. Khadijah cedo percebeu que seria através dos estudos, do saber, que a sua vida iria mudar. Descobriu a utilidade da biblioteca pública, e era aí que passava grande parte do seu tempo. Descobriu também que a única coisa que podia controlar era o quanto queria e podia aprender.
E essas ideias foram de tal modo absorvidas por Khadijah, que hoje ela é caloira na prestigiada Universidade de Harvard. Ela é a prova viva de que ninguém está condenado a uma vida de miséria ou sofrimento. É preciso seguir os seus ideais, lutar, e provar que se é capaz.
Ainda no mesmo programa foi contada a história Arnel Pineda, que passou a sua infância num bairro muito pobre das Filipinas. Perdeu a mãe aos 13 anos, mas esses anos foram suficientes para que ele tivesse interiorizado a mensagem que ela sempre lhe passou: ele ia ser capaz de mudar de vida! É tremendamente emocionante vê-lo, com os olhos cheios de lágrimas, a recordar as palavras da sua mãe, que sempre acreditou nele e na sua vocação para a música. De facto, a sua voz é pura magia, e tem uma cara de boa pessoa, um sorriso e uma humildade que não enganam ninguém.
Journey (com Arnel Pineda), Don't stop believing
Os Journey são uma banda já com décadas de existência, mas que se viram obrigados a procurar um novo vocalista depois de Steve Perry ter decidido abandonar a banda.
Foi então que as forças do universo os levaram até Arnel Pineda, que cantava nas ruas a troco de algumas moedas.
Foi descoberto pelos Journey através de um vídeo no YouTube.
Agarra-te a este sentimento, não deixes de acreditar!
domingo, 21 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Esta semana só dá Pessoa por aqui...
Aconteceu-me do alto do infinito
Esta vida. Através de nevoeiros,
Do meu próprio ermo ser fumos primeiros,
Vim ganhando, e através estranhos ritos
De sombra e luz ocasional, e gritos
Vagos ao longe, e assomos passageiros
De saudade incógnita, luzeiros
De divino, este ser fosco e proscrito...
Caiu chuva em passados que fui eu.
Houve planícies de céu baixo e neve
Nalguma coisa de alma do que é meu.
Narrei-me à sombra e não me achei sentido.
Hoje sei-me o deserto onde Deus teve
Outrora a sua capital de olvido...
Fernando Pessoa, Passos da Cruz, X
Aconteceu-me do alto do infinito
Esta vida. Através de nevoeiros,
Do meu próprio ermo ser fumos primeiros,
Vim ganhando, e através estranhos ritos
De sombra e luz ocasional, e gritos
Vagos ao longe, e assomos passageiros
De saudade incógnita, luzeiros
De divino, este ser fosco e proscrito...
Caiu chuva em passados que fui eu.
Houve planícies de céu baixo e neve
Nalguma coisa de alma do que é meu.
Narrei-me à sombra e não me achei sentido.
Hoje sei-me o deserto onde Deus teve
Outrora a sua capital de olvido...
Fernando Pessoa, Passos da Cruz, X
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Hora suave
Ah, quanta vez, na hora suave
Em que me esqueço,
Vejo passar um voo de ave
E me entristeço!
Porque é ligeiro, leve, certo
No ar de amavio?
Porque vai sob o céu aberto
Sem um desvio?
Porque ter asas simboliza
A liberdade
Que a vida nega e a alma precisa?
Sei que me invade
Um horror de me ter que cobre
Como uma cheia
Meu coração, e entorna sobre
Minh'alma alheia
Um desejo, não de ser ave,
Mas de poder
Ter não sei quê do voo suave
Dentro em meu ser.
Fernando Pessoa, «Poesias»
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Sem título
Antes de mais nada quero deixar aqui uma palavra de solidariedade para com a Cláudia (do blog Sabor Saudade) que está neste momento a passar pela terrível dor de ter perdido o irmão abruptamente, e de se ver a braços não só com os seus próprios sentimentos, como ainda ter que dar o consolo possível aos pais.
Cláudia, como já te disse, quem me dera ser capaz de dizer alguma coisa de consolador, mas é tão difícil ver sentido nestas coisas... Só espero que vocês tenham muita força espiritual para superar este momento. Os meus pensamentos estão aí também.
Deixo-vos entretanto algumas fotos tiradas no passado fim-de-semana, no Alentejo. São para ser apreciadas por todos quantos passarem por aqui, mas dedico-as em especial à Cláudia, já que foi ela que me contagiou com o bichinho das colagens...
Cláudia, como já te disse, quem me dera ser capaz de dizer alguma coisa de consolador, mas é tão difícil ver sentido nestas coisas... Só espero que vocês tenham muita força espiritual para superar este momento. Os meus pensamentos estão aí também.
Deixo-vos entretanto algumas fotos tiradas no passado fim-de-semana, no Alentejo. São para ser apreciadas por todos quantos passarem por aqui, mas dedico-as em especial à Cláudia, já que foi ela que me contagiou com o bichinho das colagens...
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Em Pessoa
Seguramente Fernando Pessoa escreveu:
LISBON REVISITED
(1923)
(Heterónimo Álvaro de Campos) Escreveu: Também escreveu: TABACARIA
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